Carolino finalmente faz o show de lançamento de seu álbum de estreia
Carolino finalmente faz o show de lançamento de seu álbum de estreia

Carolino finalmente faz o show de lançamento de seu álbum de estreia

Foto: Felipe Maciel

Por Renan Bernardi

Guilherme Carolino nasceu em Pato de Minas-MG e, já na juventude, encontrou-se com os goianos Mauro e Samuel Fontoura (conhecidos como “Os Irmãos da Muñoz”) em Uberlândia, também em Minas Gerais.

Entre as idas e vindas da vida, deu-se que os três amigos acabaram morando juntos em Florianópolis-SC no ano de 2017. Ali, na casa onde até hoje funciona os estúdios da Infrasounds Records, começaram a construir o projeto Carolino.

Para somar na empreitada, chamaram o baixista Chico Abreu (Skrotes, Los Desterros, Mandale Mecha), que logo abraçou a causa. Junto dele, veio também Fábio Cadore para fazer as percussões. Gravado e produzido por esse núcleo de artistas, o álbum ainda teve as participações de Emília Carmona e Karina Akashi nos vocais e de Diogo Costa na percussão.

Com mixagem e masterização de Braz Torres Neme (Hellbenders), o álbum homônimo do projeto Carolino foi lançado no dia 11 de junho de 2021 pelos selos Alcalina Records, de São Paulo e Cena Cerrado, de Uberlândia. Se você foi atento, já percebeu: o lançamento acontece em plena pandemia, o que impossibilitou qualquer tipo de show ao vivo para brindar o trabalho junto ao público.

Depois disso, os rumos que encontraram Carolino com os irmãos Fontoura, também os afastaram. Guilherme morou um tempo em Portugal e, hoje em dia, reside novamente em Uberlândia.

Aconteceram lives e conversas pelas redes sociais para divulgar o disco, apenas com Carolino ao violão. Mas quem aprecia o calor de estar na frente de um palco sabe que isso não é a mesma coisa. Por cerca de dois anos, vivemos todos nesse limbo do “não é a mesma coisa”.

Ainda sem um show de lançamento, o álbum circulou timidamente pelo infinito universo digital em irrefreável expansão. Lembro que, nesse mesmo junho de 2021, eu e Felipe Maciel (esse mesmo que assina as fotos dessa matéria) tivemos a ideia de fazer um “podcast transcrito”, onde, entre outros álbuns que saíram nesse mesmo período, comentávamos sobre o debut do Carolino. Esse projeto acabou não indo pra frente e, mesmo apreciando o trabalho apresentado, sentíamos que seria no ao vivo que aquelas canções nos tocariam definitivamente.

Foto: Felipe Maciel

Para nossa alegria, no dia 25/08/2023 os rumos do destino voltam a encontrar Carolino, os irmãos da Muñoz e Chico Abreu no palco. Junto com Diogo Costa nas percussões e participações de Emília Carmona nos vocais, o show de estreia desse belo álbum aconteceu na Bugio do Centro (Florianópolis-SC) e, mesmo em um dia frio de chuva, teve a casa cheia. Também para nossa alegria, eu e Felipe estávamos novamente juntos para falar desse trabalho e, dessa vez, contemplá-lo em toda sua grandiosidade. Como imaginávamos, é ao vivo que o bicho pega.

Com uma mesa de som de responsa, comandada por Barreto, o show do Carolino foi, em termos técnicos, uma delícia. Em relação à groove e suingue, também. Tocando todo o repertório do álbum, a apresentação ainda incluiu canções de referência para o projeto, passeando por Gilberto Gil, Alceu Valença e – em destaque – Moraes Moreira, com uma versão quente de “Chinelo do Meu Avô”.

Em relação as músicas autorais, a dinâmica entre essa banda de craques com as canções do álbum também funcionou bem no show inteiro. Mas coloco em evidência a dobradinha de hits que houve entre “Mil Maneiras de Pensar” e “Mediamar”. Essa primeira, inclusive, tem uma beleza maior quando se sabe que ela é uma música recolhida do repertório do pai de Mauro e Samuel Fontoura, selecionada pelo grupo na hora de fechar o álbum e mostrando como essa relação de amizade, além de bonita e fraterna, também proporciona um ótimo resultado sonoro.

Foto: Felipe Maciel

A grande voz de Emília Carmona esteve presente no show, assim como no álbum, na canção “Navio de Papel” e também na finaleira, quando tocaram “Ogodô”, de Tom Zé.

O show se encerra com a instrumental “Descendo a Ladeira”, fazendo a gente se despedir dessa baita apresentação e voltar a terra firme depois de termos viajado no som desse mineiro que, muito influenciado pela música nordestina, foi no sul do país encontrar o caminho de seu som. Como um meridiano, que liga o sul ao norte do Brasil, Carolino brindou o encerramento do ciclo de lançamento de seu álbum de estreia em grande noite.

Setlist:

01 – Olaiá (Carolino)

02 – Rua dos Jades (Carolino)

03 – Chuck Berry Fields Forever (Gilberto Gil)

04 – Navio de Papel (Carolino)

05 – Meninada (Carolino)

06 – São João Xangô Menino (Caetano Veloso/Gilberto Gil)

07 – Au Revoir (Carolino)

08 – Estorvo (Lucas Simon Ladir)

09 – Subindo a Ladeira (Carolino)

10 – Chinelo do Meu Avô (Luís Dias Galvão /Moraes Moreira)

11 – Maria dos Santos (Alceu Valença/Don Tronxo)

12 – Mil Maneiras de Pensar (Aparício Fontoura)

13 – Mediamar (Carolino/Mauro Fontoura)

14 – Anjo de Fogo (Alceu Valença)

15 – Ogodô, Ano 2000 (Tom Zé)

16 – Descendo a Ladeira (Mauro Fontoura)

Foto: Felipe Maciel

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