Projeto “Um Oito Zero” traz o tema “violência contra a mulher” para debate
Projeto “Um Oito Zero” traz o tema “violência contra a mulher” para debate

Projeto “Um Oito Zero” traz o tema “violência contra a mulher” para debate

Iniciou na última segunda (06) e prossegue até esta quinta-feira (09), a circulação do Projeto “Um Oito Zero”. As ações trazem exposição fotográfica online, com acesso gratuito, e bate-papos com diferentes temáticas, voltadas às comunidades descentralizadas. “Um Oito Zero” faz referência ao disque denúncia de violência contra a mulher no Brasil, e a partir desta temática traz para o público histórias de violência vivenciadas por mulheres da comunidade e ressignificadas a partir da fotografia contemporânea. A exposição apresenta 14 fotografias, que utilizam como o técnica autorretrato e práticas manuais em sua composição.

A live de lançamento da exposição aconteceu no dia 30 de abril, Dia Nacional da Mulher, no canal do Youtube da Humana, Sebo, Livraria e Galeria, com a mediação da artista Janaína Corá.

A exposição esta disponível pela plataforma Issuu, como catálogo online e traz como objetivo estimular o debate sobre a temática e o desenvolvimento de políticas públicas na área, incentivar as mulheres a denunciarem, mostrando que é possível sair do lugar que a violenta e utilizar a arte como uma ferramenta de transformação social.

“As fotografias foram construídas a partir de diferentes camadas, o que também faz uma metáfora com todas as histórias que nós escutamos. É a partir dessa escuta e do auto retrato,  que nós contamos as histórias de tantos outros corpos dentro desse espaço que as violenta. Nós queremos lembrar, a partir dessas fotografias, que por trás desses índices que nos são informados a cada dia, existem pessoas, sujeitos, histórias, que tiveram seus direitos cerceados em algum momento, assim como sensibilizar a comunidade e lembrar como essa luta é todos enquanto cidadãos”, explica a proponente do projeto, Camila Almeida.

A exposição tem o objetivo levantar o debate sobre a temática “violência contra a mulher”, estimular a criticidade sobre o assunto, iniciar movimentos de desconstrução cultural, assim como construir novos espaços dentro das comunidades. “Nós acreditamos que é muito importante utilizarmos nosso campo técnico de atuação para falarmos sobre esse tema. Então o projeto vem como um ferramenta de transformação, o contato com a arte nos possibilita isso”, enfatiza Camila. 

Além da exposição, o projeto traz debates relevantes a partir desta temática. Hoje a noite o tema da conversa será “Leis que toda a mulher precisa conhecer”, com a advogada Caren Machado, às 19h30, e na quinta-feira, às 9h, a conversa é com a Presidenta do Conselho dos Direitos das Mulheres de Chapecó, Carol Listone, que irá falar sobre “Políticas Públicas.

Os encontros online, com a apresentação das fotografias e os bate-papos, acontecem pelo canal do Youtube do Instituto Cultural Nossa Maloca, apoiador das ações.

O projeto, contemplado pelo edital de chamamento público nº 02/2020 – Lei Aldir Blanc/Chapecó, foi criado pela fotógrafa Camila Almeida, traz a curadoria da jornalista Sirli Freitas, direção artística de Maurício Sinski, designer de Daniel Zonta e produção de Louis Radavelli.

Dados

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a América Latina é o lugar mais perigoso para mulheres, fora da zona de guerra. O mesmo levantamento mostra que o Brasil é o país mais violento para mulheres, na América Latina. Segundo a Rede de Observatório de Segurança, cinco mulheres morrem por dia no País, vítimas de violência. Em 58% dos casos de feminicídio e em 66% dos casos de agressão os criminosos eram companheiros ou havia uma relação afetiva om a vítima. Ainda segundo o estudo, a situação se agravou durante a pandemia. Segundo a 14ª edição do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, lançada sob o contexto da pandemia da Covid 19, um estupro acontece a cada 8 minutos no país, sendo a maior parte das vítimas do sexo feminino, cerca de 85,7% (dados de 2019). Os casos de violência doméstica, do mesmo ano, somaram 266.310 registros, o que significa que a cada 2 minutos uma mulher foi vítima de agressão. O estudo também aponta um crescimento de 1,9% de feminicídios no primeiro semestre de 2020.

Segundo o site Catarinas – que aborda o jornalismo com perspectiva de gênero, Santa Catarina está entre os estados mais feminicidas na pandemia. Enquanto no Brasil a taxa de feminicídio em 2020 ficou em 1,8, em Santa Cataria o índice foi de 1,51. Somente no ano passado a polícia civil recebeu mais de 61 mil denúncias de violência doméstica, uma média de cinco mil catarinenses violentadas por mês, 171 por dia, sete a cada hora.

Atividades contínuas

A partir do projeto ‘Um Oito Zero”, da pesquisa e do contato com as comunidades, foi criado o Coletivo Um Oito Zero – um grupo de artistas que desenvolve trabalhos voltados à arte política contra a violência de gênero, no interior. A partir dessa temática o grupo leva ações de artes visuais à comunidade. A próxima intervenção do Coletivo está marcada para 18/12, às 14h30 com a exposição em monócolos “(In)visível”, a partir do Movimenta Cultura Chapecó – desenvolvido pela Fundação Cultural.

Programação

08/12 – 19h30 – Exposição + Bate-papo “Leis que toda Mulher Precisa conhecer”, com Caren Machado.
09/12 – 9h – Exposição + Bate-papo “Políticas Públicas”, com Carol Listone.

Texto: Girassol cultural

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