Nossa Maloca – um oásis chapecoense
Nossa Maloca – um oásis chapecoense

Nossa Maloca – um oásis chapecoense





Por Ícaro Colella

Chapecó é Agro. Chapecó é Uno. Chapecó é desbravador e até futebol. Chapecó….Chapecó. Mas tudo que esta cidade representa de verdade está escondido na utopia de quem quer fazer disso aqui, um lugar melhor. E pode acreditar, essa delimitação catarinense está fervilhando de gente que pensa diferente e olha para a frente com esperança. Já ouviu falar no Sítio Cultural Nossa Maloca? Pois é, se sim, se segura aí no barco que você vai curtir. Caso não, vai se divertir ainda mais, e com certeza, ficará com gostinho de quero pisar nessa terra. 

O sítio é uma espécie de Oásis Chapecoense. Local este que é possível estar em contato com a natureza, com a arte e ser livre para ser você mesmo. Se ainda estás perdido onde fica essa maravilha – já te deixo o mapa. Vale frisar, que está bem longe do centro da cidade, localiza-se no interior do município, na linha Tafona. Para chegar lá é um meio complicado, mas normalmente vamos em comboio.

Com um público nada específico – do recém nascido que já esteve lá, a alguns velhinhos que só observam o que acontece, espero bem que eles sejam de verdade, o sítio é, como a própria idealizadora do projeto Josiane Geroldi diz “um local, um tanto místico que acompanha o tempo da natureza, entendendo que os processos não seguem fluxos lineares e carecem de amor e de paciência para que aconteçam”.

A Nossa Maloca já carrega no nome simbologias de pertencimento e a ideia de uma comunidade unida por um propósito. O que remete a música ‘Saudosa Maloca’ do grande Adoniran Barbosa – que diz “Saudosa Maloca, maloca querida dim dim donde nóis passemos os dias feliz da nossa vida”. 

Além do samba que às vezes acontece por lá, o local é repleto de peculiaridades. Desde a biblioteca que fica acima de um mini palco de apresentações, o Bosque do Manoel de Barros – local para Saraus e apresentações de teatro -, a casa da Bruxa, até a falecida piscina vazia que servia para exibição de filmes. Este lugar ainda abre espaço para um paredão de girassóis, uma roda para fogueira que mescla contação de histórias da companhia Conta Causos e sons improvisado. 

A maloca é tão massa, que virou até objeto de estudo de uma estudante de Psicologia, amiga minha – Gabriela Costacurta. O estudo dela põe em evidência as experiências da existência de movimentos contra hegemônicos, ou seja, o que sai da curva e proporciona formas de viver a cidade e a cultura de maneira diferenciada. O que ela conseguiu personificar naquele espaço com facilidade. Tô te dizendo, a pira lá é alta.

A Gabi, ao usar autores da área, conceitua a cidade como espaço de passagem, de encontro e de afecções. Ela questiona, no trabalho de conclusão de curso, que esses espaços elencam a arte como potencial político e gera encontros diferentes dos habituais. O que deixa a ideia de que precisamos de “novos possíveis” nesta partilha do sensível. 

Agora por minha conta. Antes da pandemia, era difícil sair com os amigos e não ser incomodado por vizinhos jogando água para acabar com a farra ou a polícia aparecendo a cada cinco minutos. Sei que quem incomoda mesmo são os jovens, mas sequer a prefeitura pensou que esta cidade está infestada deles e que são necessários espaços democráticos de socialização que quebrem de vez o encontro do Altas Horas. 

Mas se segura aí, garotão. Não vai dar uma de louco e sair por aí encontrando o pessoal em busca desse almejado rolê significativo. Agora com o caos instalado, fica meio difícil de visitar a Maloca, já que a programação física do Sítio foi suspensa por conta da pandemia. Mas aqui vai uma dica, acompanha a @NossaMaloca pelas redes sociais que sempre está rolando coisa massa por lá – e assim, você sente mais vontade de conhecer, quando isso tudo passar, ou voltar a sentir a nostalgia do que é pertencer a um espaço livre. 

Lembre-se do que dizia Moraes Moreira, aqui na voz de Gal. “Enquanto eles se batem, dê um rolê e você vai ouvir”. Ouvir de qualquer pessoa que já teve oportunidade de experienciar a Maloca,  que ela é amor da porteira ao rio. (Da cabeça aos pés).

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