
Por Renan Bernardi
Lauckson José, brasileiro de Aracaju (SE), é desde 2016 mais conhecido como Lau e Eu, pseudônimo e projeto artístico que o músico, compositor e produtor vem assumindo e realizando desde 2016.
Depois do lançamento de diversos singles e um EP (Café Frio, de 2016), Lau lança seu primeiro álbum em 2018, chamado Selma, que teve uma boa recepção de público e crítica, com destaque para faixas como o hit “Estar Vivo É Bom” e também “Perdizes”, ambas já lançadas anteriormente como singles.
O álbum mistura elementos de synth-pop, rock psicodélico e outras vertentes populares e experimentais do Brasil e do mundo para abraçar a linguagem muito própria do texto e do canto de Lau.

Essas características evoluem no mais novo lançamento do artista, a obra múltipla O Futuro Está Distante, que inclui um EP, um curta-metragem e um manifesto.
Quanto ao álbum, são 9 músicas divididas entre canções e interlúdios que completam 18 minutos de uma espécie de pressa contemplativa, que ao mesmo tempo em que nos mostra em seus textos toda a urgência e conturbação do nosso tempo, com uma linguagem pautada nos movimentos e encontros do dia a dia, nos acompanha também da fala-canto suave e rouca de Lau, que reforçada pela sonoridade etérea, não agita, mas faz meditar sobre os temas apresentados.
Quanto a sonoridade, Lau e Eu assume uma transição entre artista e produtor que o leva a facilmente aplicar elementos de banda em estruturas de beat e vice-versa, fazendo tudo soar muito único e popular, sem pender para uma estética mais R&B ou Hip-Hop, mesmo que com possíveis influências também desses gêneros.
Quanto ao curta-metragem, produzido por Gabriela Magalhães, com câmera de Camila Sanchez, figurino de Aniko Santoro e eletricidade por Eduardo Magliano, mostra “uma narrativa não objetiva que coloca o artista como um ser comum, dissociando-o da burguesia e dos seus respectivos padrões de beleza e estilo.” (Fonte: Release)
Com apenas 4 minutos de duração, o material audiovisual traz trechos das faixas do álbum enquanto apresenta um cenário nem distópico, nem futurista, mas que une desses elementos as células para apresentar um presente que, mesmo simbólico, ainda é muito representativo.
Finalizando o combo de mídias que completam esse lançamento, Lau ainda realizou um manifesto onde conceitua a sua atitude diante desse trabalho, mostrando uma postura de artista que está ligado indissociavelmente com o ativismo que nossos tempos exigem, mostrando nisso algo mais urgente do que vanglorioso, onde ele ainda coloca a função de artista fora desse pedestal em que muitos ainda relacionam esta função.
Para Lau e Eu, assim como já era para o Macaco Bong, artista é igual pedreiro, mas pedreiro de sua própria obra.