As Cartas – Algo
As Cartas – Algo

As Cartas – Algo

Desenho: Amanda

Tu pode ler ouvindo essa música.

Até as tarefas cotidianas estão mais difíceis do que nunca. Não que elas já tenham sido fáceis, mas é que são chatas. Tipo aquelas músicas altas e pesadas que pra mim são chatas mesmo. Me sinto dentro de uma jaula onde eu sou o monstro e a presa simultaneamente. Eu caço e fujo. Minha mente é muito afiada. Se eu percebo, não falo. Se eu não percebo, não há o que falar. Tudo parece mais simples pras outras pessoas. Será que as pessoas também pensam que é simples pra mim? Eu não gosto de passar álcool gel porque eu não gosto de cheiros fortes e o cheiro do álcool é forte até que se evapore. Poderia ser uma analogia pros sentimentos que nos povoam, mas é só algo sobre ocheiroruimdoálcool mesmo. Você sabe que as coisas vão desandar quando começa a procurar o acaso das mãos que se encostam sem querer. É sempre o benefício da dúvida correndo na estrada dos questionamentos de como poderia ser tal coisa&tal pessoa. Eu tenho um medo gigante de ir embora das vidas alheias porque quando eu visto a distância é difícil me despir dela. Eu não nasci pra odiar alguém, mesmo que às vezes eu me odeie um pouco. Tem coisas que eu não gostaria de escutar? Tem. Tem coisas que eu não gostaria de ter dito? Tem também. Mas o que me deixa mais feliz é que ninguém pode entrar na minha cabeça pra saber o que eu tô pensando e eu espero que nunca seja possível entrar na cabeça de alguém pra saber o que tá sendo pensado. Quando fixo ou fecho meus olhos sei que pareço estar submersa em lugares que não dá pra localizar, mas é que eu me sinto mais segura aqui mesmo que eu perca o fôlego na maioria das vezes. Essa sensação é aproximada ao momento em que chego em casa depois de “Mais Um Dia Idiota” e parece que não existe o mundo em volta e que eu tô ali sozinha. Ultimamente tem sido difícil até ficar na minha casa. Eu gosto quando eu escuto alguma música nova e ela parece fazer uma ondinha de felicidade que vai das pontas dos meus dedos dos pés até a minha cabeça e acho que isso poderia ser traduzido como magia. Tenho pensado bastante em como seria não ter existido nunca. Queria dizer que estou reflexiva porque fiz vinte e cinco anos essa semana, mas eu sou reflexiva sempre. Então seria mentira dizer que estou reflexiva. Eu minto às vezes. Mais pra mim do que pras pessoas no geral. Quando eu tento mentir pra alguém eu começo a rir e dá pra perceber muito fácil que eu tô mentindo. Menos quando eu minto sobre coisas que eu sinto. Aí é difícil de descobrir. Já fiz vários testes.

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