Banda Sopro Difuso lança “Escuta Zé Ninguém”, seu segundo disco de estúdio
Banda Sopro Difuso lança “Escuta Zé Ninguém”, seu segundo disco de estúdio

Banda Sopro Difuso lança “Escuta Zé Ninguém”, seu segundo disco de estúdio

Por Carlos Eduardo Pereira

Fotografias: Camila de Almeida

“Um sopro que vem aos ouvidos e chega até a alma. Música no corpo, poesia pra vida. Às vezes brisa, às vezes ventania”, assim Herman Silvani, guitarrista da banda Epopéia, tenta sintetizar o novo disco “Escuta Zé Ninguém”, da banda curitibana Sopro Difuso.

Lançado no início de agosto, o “Escuta Zé Ninguém” é inspirado na obra homônima do psicanalista Wilhelm Reich. O álbum surge como necessidade urgente de pensar a trajetória humana. O ímpeto destrutivo em “Ventania” e “Dia após dia”, sua entrega a objetificação e consumismo em “Capital”, a desolação patológica em “Psicossomático”, passando pela tomada de consciência e esperança como motor de luta social em “Revolucionar” e “Tupiniquim do asfalto”.

As letras das 12 faixas do disco foram compostas por Jacir Antunes, vocalista da banda. Segundo ele, foram inspiradas por situações que vivenciou e percebeu da realidade social e a partir de leituras de escritores de teor poético-filosófico. Ele conta um pouco mais de como o conceito do álbum se concebeu:

“Na universidade tive contato com o pensamento e obra de Wilhelm Reich. Entre eles o “Escuta, Zé Ninguém!” que escreveu no cárcere (foi preso porque seus pensamentos e descobertas eram uma ameaça à família tradicional cristã). Neste livro, Reich faz um desabafo crítico ao caráter humano medíocre e destrutivo que existe em nós. É revelador! Pois a humanidade segue um caminho de autodestruição. Talvez seja a base do meu pensamento, modo de ver o mundo e representá-lo através da arte. Este disco vem como homenagem e alerta”, explica Jacir.

Gravado no Estúdio Gramofone e no estúdio Nico’s, a produção ficou por conta de Erico Taciano Viensci e Rogério Naressi, com gravação e mixagem de Rogério Naressi, que teve uma participação especial no piano, rodhes e sintetizador. “Como o Rogério Naressi mora nos EUA, sempre aguardamos ele vir de férias para fazer a captação dos sons. A mixagem foi feita lá mesmo. Então, teve início em 2014 e finalizado em 2020”, lembra Jacir.

A arte da capa

O artista Ricardo Marques, emprestou seu talento para conceber o designer gráfico do disco. Ele explica que para a arte da capa teve a intenção de “conceber um ambiente estranho, que criasse ao mesmo tempo desconforto e reconhecimento”.

“Somos automatizados a pensar que precisamos dos objetos e utensílios criados pelo homem, mas quem rege nosso espaço sempre será  nosso habitat. O eclipse é aquele evento raro em que somos ¨obrigados¨ a contemplar a magnitude do universo, o sublime. Entendermos quem somos, porque somos, para onde vamos. No fundo todos os elementos ali são uma grande pergunta”, conceitua Ricardo Marques.

Para Jacir Antunes, a imagem “simboliza o caos, a ideia de terra arrasada, a infinitude do universo”. A música “Dia após Dia”, que fecha o álbum, expressa essa sensação:

“Dia após dia sob esse céu revolto
O cérebro no ponto para explodir
Cinzas às cinzas precisamos juntar
Se você não sabe eles estão sangrando
Um coração puro a cada pôr do sol 
Brasa nos pés precisamos voar…”

A banda

A Sopro Difuso apresenta composições que transitam entre elementos do rock, folk, progressivo e ritmos da música popular, como valsa, baião, frevo, jongo, flamenco e milonga. Letras e arranjos fundem-se de maneira ora sutil e cativante, ora ácida e contundente, tanto nas líricas quanto nas críticas sociais, com clara intenção de sensibilizar, emocionar e transformar através de experiências significativas quem toca e quem ouve.

Formada em meados de 2001 na cidade de Curitiba/PR, a banda apresentou-se em 17 edições do Festival Psicodália e em vários festivais de música independente pelo país, entre eles: Festival da UFPR, Festival Umbigo, Festival Enfoque, Festivas Prasbandas, Festival Terra Azul, Festival Congresso Bruxólico em São Francisco do Sul/SC, Corrente Cultural de Curitiba, Festival Grito da Terra em Concórdia/SC e no Festival Libélula de Ano Novo 2019/2020.

Para quem está com saudades de assistir a um show, no canal da banda você pode conferir a apresentação ao vivo da segunda faixa do álbum, “Tupiniquim do Asfalto”, gravado em 2019 no teatro do Sesc de Chapecó:

A atual formação do grupo conta com Jacir Antunes (Violão e Voz), Érico Viensci  (Guitarra e Voz), Dênis Naressi (Flauta Transversal), Ênio Naressi (Baixo) e Luis Fernando Wadouski (Bateria).

Nos seus 19 anos de produção musical, a banda lançou seu primeiro EP com 6 faixas em 2003, o “Ao Vivo no Psicodália” em 2008 e, em 2010, o disco “Sopro Difuso”. Em 2020 lançou o disco “Escuta, Zé Ninguém!”.

Para o futuro, assim que possível, o objetivo da banda é circular por festivais e eventos, mostrando o novo trabalho, além de voltarem ao estúdio e iniciar a gravação do novo álbum que já possui 8 músicas arranjadas.

O álbum está disponível em todas as plataformas digitais:

🎧 Spotify: https://spoti.fi/33XeTf7

🎧 Deezer: https://bit.ly/2PNNSm4

🎧 ITunes: https://apple.co/33YJatS

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