
Foto: Amanda
Tu pode ler ouvindo essa música.
Sempre fui boa em me enfiar nas entranhas das dúvidas e na plasticidade impermeável do meu sofrimento
Tenho vivido meses estranhos e dias compridos demais pra representarem algo concreto
Apesar disso, vivo buscando esses significados que muitas vezes não são explícitos, mas são tão subjetivos quanto eu
Tive tanto medo dos meus desejos que os mantive em cárcere mais tempo do que eu posso tentar descrever logicamente
Todo mundo se movimenta e eu também
Todo mundo vai, mas eu sempre fico
Eu nunca quis criar raízes em lugares tortuosos demais
Eu nunca quis nem criar raízes
Agora eu percebo que tô fincada demais
No meu inconsciente
Nas pessoas que amo
Nos lugares que costumo frequentar na minha cabeça
Ou fora dela
Fico receosa e com os pés amarrados quando preciso dar um passo pra me distanciar do que não cabe mais em mim
Do que não posso aceitar pra mim
Me vejo sentindo sempre muito mais do que demonstro e isso é uma grande incongruência limitante
Eu tô tão perdida quanto as palavras que eu escrevo
Ao mesmo tempo, me encontrei tanto que elas têm muito mais coisas embutidas do que a semântica e a gramática estruturadas em areia movediça
A beleza estética do sentido já não diz coisa alguma
Do mesmo jeito que eu também não explano tudo que se passa em meus pensamentos desalinhados e conflituosos