Ensaio de uma entrevista com a banda que nunca existiu – O Último
Ensaio de uma entrevista com a banda que nunca existiu – O Último

Ensaio de uma entrevista com a banda que nunca existiu – O Último

Por Carlos Eduardo Pereira

– Como vocês definem o som de vocês?

– Como algo.

Fiz essa pergunta clichê, pois tenho pra mim que não cabe a ninguém definir o que alguma banda toca ou deixa de tocar, a não ser os próprios músicos. Assim como qualquer produção artística.

Mas essa resposta foi simples, curta e certeira.

Fui procurar a definição de “algo” em um dicionário: “Coisa não determinada; toda coisa sobre a qual nada se sabe: algo a perturbava.”

É exatamente isso que é a banda “Ültimo Ensaio da Banda que Nunca Existiu”. É uma banda que não existe, que passa a existir agora e que talvez não exista mais. É indeterminada sua permanência e perturba quem ouve.

Perturba não por ser ruim, mas por ser algo. Algo que não é mastigada e não vai ser consumida por uma multidão – mas poderia. Só será algo.

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A “Ültimo Ensaio da Banda que Nunca Existiu” foi formada em algum mês de 2015, e hoje é composta por Iago Lucas (vocal, guitarra e teclado), Lucas Gaspar de Lima (bateria) e Mauro Somensi (baixo).

Lançaram no dia 25 de julho, seu primeiro e, talvez, último EP intitulado “O ÚLTIMO”. Com seis faixas compostas e produzidas desde 2015, gravadas, mixadas e masterizadas na Hermafrodita Records, a banda passa a existir agora e acaba em algum mês futuro. Porém, não se pode acabar algo que nunca existiu.

Nomes das músicas por faixa:

1: Fazer bife

2: Lugares Pequenos

3: Distraído com nada

4: Digo nada

5: Bingas

6: Não tenho certeza

Como foi o processo de formação da banda?

A Ültimo Ensaio já tocou com uma galera, mas desde 2017 tá sendo com o Maurão e o Big Louk. Chamei eles na intenção de fazer um show e acabamos gravando o EP juntos e fazendo mais coisas. Conheci o Big Louk quando ouvi um EP que ele tinha lançado, o Maurão também já conhecia de outras, e tamo aí agora.

Por que Ültimo Ensaio?

Primeiro show da Ültimo Ensaio foi pra ocupar o lugar de uma banda que não ia poder fazer um show, a gente foi na intenção de tocar uma vez, nós ensaiamos por uma semana e meia e fizemos o show. Desde então sempre foi nesse lance de pouco tempo de ensaio, e também a gente nunca sabe se vai fazer alguma coisa de novo, cada show é o último.

Como é o processo de criação de vocês?

O lance da Ültimo Ensaio sempre foi tocar com pouco tempo, então as composições sempre foram algumas coisas que eu (Iago) tinha na cabeça. Eu mostro o riff e aí a gente faz a parada. Não tem muito segredo.

Quem fez a capa do EP?

Adnre Patussi fez a arte do EP e todas as artes para a Último Ensaio. Coisa muito boa.

Como foi o processo de composição até a gravação do EP?

Ensaiar até não errar muito.

Quais bandas influenciaram/influência o som da banda?

Built To spill e várias coisas.

Qual é a percepção de vocês sobre o cenário musical/ Chapecó/ Brasil atualmente?

Tá feio a parada, mas tem muita galera fazendo muita coisa e acho que isso que importa. Sempre vejo lançamentos e shows por 10 pila até a galera dando um role, mas não sei se a própria parada se paga. Em Chapecó o negócio fica pior, novas, engraçado é que tem bandas aqui há vários anos que lança coisa e faz coisas e mesmo assim ainda parece não ter o lance das pessoas chegar nos shows o etc. Sei de nada.

Na visão de vocês, hoje ainda é preciso ter uma “cena” forte na cidade atual da banda para se ter sucesso? A internet não propicia uma aproximação bem mais fácil com o público da banda?

Esse lance de que a internet alcança várias pessoas não é muito real, tu pode lançar alguma coisa e ninguém ver ou não gerar nada, o show é muito importante. A cena da cidade dá uma boa ajuda, pensando que tu não consegue muita grana com cachê, tocar na própria cidade pode ser mais lucrativo, aí quanto mais show, mas material tu pode fazer e pode ir tocar em outras cidades que o cachê não é certo e fazer mais coisas. Uma mão lava a outra e aquela coisa.

Qual é a expectativa para o futuro da banda?

Ninguém sabe o que vai fazer depois.

Fotografias por  Ana Paula Dornelles e Carlos Eduardo Pereira

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