

Por Kaehryan Fauth
O corpo nu é poesia. O reflexo no espelho é história. A pupila dos olhos é a mais sincera amiga. O caminho não é de todo escuridão.
O branco pálido reluz os tímidos flertes de luz que as nuvens deixam escapar. São tão delicados que sequer aquecem a pele.
A pele, cada dia mais pálida, anseia pelo verão. Poder nadar nas águas escuras de lagos sem vida. Poder correr o risco de afundar e de ninguém mais achar.
Sabe, eu quero acreditar… Ainda tem um mundo bonito lá fora, mesmo que as paredes atrapalhem. Ainda existem formas de falar ainda que a boca não se abra.
E eu sei que o inverno vai fazer falta também. O que mais cabe dentro de mim é saudade. E talvez a vida seja isso… Saudade.
Tem dias que é tudo tão bonito, tem dias que o vazio entristece, e tem dias que…
Eu queria tanto te falar.
Os fins de tarde têm sido um presente que agrada os olhos. A brisa fresca em pleno verão espanta a fumaça e acalenta a alma daqueles que anseiam pelo inverno. Desperta a saudade da névoa e alimenta a esperança outrora desacreditada.
Esses tímidos raios de sol são a única fonte de luz que tenho me permitido aceitar. As nuvens em tons de cinza se mesclam ao céu azul como em uma pintura, obra de arte abstrata e efêmera de um artista que jamais terá a glória do reconhecimento.
Sonhos “simples” escondem também nobreza. Trazem intrínsecos a clareza do que se almeja. Se traduzem em trova, poesia. O resto são coisas que não podem ser explicadas. É o que nos faz humanos.
A voluptuosidade da fumaça – as inconstâncias das suas formas. As incertezas e inseguranças resguardadas em ti, são mesmo para serem vividas só?
Desânimo é perder a alma e esquecer que só o amor vale mais que a vida.
No fim, devo admitir que eu amo demais fins de tarde como esse – e amo a capacidade de amar. Demais… É o suficiente para me permitir não descansar nem desistir – pelo menos ainda.